WeCreativez WhatsApp Support
Nossa equipe de suporte ao cliente está aqui para responder às suas perguntas. Pergunte-nos qualquer coisa!
Oi em que posso ajudar?
Pular para o conteúdo
Início » News » Conhecendo a Barra de Guaratiba

Conhecendo a Barra de Guaratiba

Barra de Guaratiba

Atividade Extramuros com o Ciep Heitor dos Prazeres

Esta atividade pedagógica extramuros pretende trabalhar temas transversais que são parte do currículo das diversas disciplinas representadas por cada professor ou professora que participe da atividade do dia.

A ATIVIDADE COMEÇA NA ESCOLA, ONDE AS PRIMEIRAS ORIENTAÇÕES E ACORDOS SÃO FEITOS.

Depois o grupo segue de ônibus até à Barra de Guaratiba, uma pequena comunidade localizada ao sul do Parque Estadual da Pedra Branca que abriga belas praias, inclusive não habitadas. Dali é possível observar o fundo da baía de Sepetiba, com seus manguezais e canais que delimitam a Restinga da Marambaia.

Dali o grupo sobe o Morro de Guaratiba, uma elevação com 355 metros de altura que faz parte de uma Área de Proteção Ambiental dentro do Parque Estadual da pedra Branca. O local oferece um panorama privilegiado da Restinga da Marambaia e das outras praias da reserva, seguindo uma trilha por dentro da Mata Atlântica até a Pedra do telégrafo.

RESTINGA DA MARAMBAIA VISTA DO MORRO DE GUARATIBA

PEDRA DO TELÉGRAFO

O lugar abrigou uma estação militar durante segunda guerra mundial e proporciona uma linda visão panorâmica das praias da reserva possibilitando ao grupo uma visão privilegiada do local.

Há registros de grupos humanos vivendo em Guaratiba há cerca de seis mil anos, os chamados povos Sambaquis, estudados por várias universidades, deixaram inúmeros registros arqueológicos no local, que abriga ainda diversos sítios, a maioria agora sob cuidados do Centro Tecnológico do Exército. Cerca de mil anos antes dos Europeus chegaram, os grupos do tronco Tupi desceram do centro do que seria o Brasil para o litoral, contribuindo para o desaparecimento dos sambaquis;

Desde a conquista deste território os portugueses enfrentaram muita resistência dos vários povos tupi que já habitavam o local, do litoral norte de São Paulo até a cidade fluminense de Cabo Frio. “A história da região conta que Guaratiba era habitada por estes índios quando Manoel Velloso Espinha lá chegou no século XVI. Ele encontrou forte reação dos tupinambá, pois este grupo indígena era pouco amistoso com os invasores. Os índios que pulavam, dançavam, faziam gestos em todos os lugares em que eles passavam de barco, preocuparam Manoel Velloso, que “não tinha se preparado para um diálogo com eles”. (Pinto, Souza: 1995)

Em 1569 Manoel Velloso Espinha recebeu a doação de uma sesmarias (antiga medida de terras) do rei de Portugal por ter lutado ao lado de Estácio de Sá contra os indígenas que aqui moravam. A Restinga da Marambaia, Barra, Ilha e Pedra de Guaratiba, assim como todo entorno da Baía de Sepetiba até Santa Cruz, com todas as suas águas, entradas e saídas, seriam de propriedade do “colono fiel” se ele povoasse o local em no máximo três anos, com seus herdeiros, ascendentes e descendentes e pagasse assiduamente um dízimo à igreja.

Uma das táticas usadas pelos europeus para dominar o território indígena era o “cunhadismo”. Havia o costume das tribos adotarem o forasteiros como um igual quando estes se casavam com alguma índia. Assim, os portugueses se infiltravam, casavam-se com as índias e como “cunhado” conseguia intervir politicamente nas decisões do grupo.

De 1554 a 1557 aconteceu um grande conflito nesta região quando as várias etnias organizaram-se na Confederação dos Tamoios contra os colonos portugueses pela prática de tentar escravizá-los e apossar-se de suas terras. O nome Tamoio vem do tupi tamuya, ou seja, “os mais antigos” João Ramalho foi um desses “cunhados” aqui da região que casou-se com uma filha da tribo dos Guaianazes e com eles atacou uma aldeia Tupinambá em 1554; capturou o chefe da tribo Caiçuru e começou a manter vários índios como escravos prisioneiros. Aimberê, filho do chefe, assumiu o comando e declarou guerra aos colonos portugueses. O guerreiro Cunhambembe (de uma tribo de Angra) assumiu a liderança da confederação e conseguiu apoio dos Goitacazes e Aimorés.

Em 1555 os franceses chegaram ao Rio de Janeiro também disputando terras. Nicolau Villegaignon resolveu aliar-se aos índios, patrocinando o conflito contra os portugueses e fornecendo armamentos para os tupinambás. Mas uma epidemia dizimou vários combatentes, entre eles Cunhambembe, o que enfraqueceu o levante. Houve um período de tréguas, mas logo recomeçaram a luta porque a invasão às aldeias, prisões de índios e escravizações pelos portugueses continuaram. Quando o líder Tibiriçá, declarando-se fiel aos portugueses, matou o sobrinho de Aimberê e dizimou grande parte da tribo dos Guaianazes, os Tamoios o mataram e venceram essa batalha. Em 1563 a igreja resolveu intervir diretamente nesta onda de violência quando o padre Manoel da Nóbrega pediu reforço ao padre José de Anchieta e tomou as rédeas da situação. Os padres jesuítas foram para Ubatuba e, depois de um processo de longa negociação, iniciaram um tratado de paz. As lideranças indígenas conseguiram negociar e soltar muitos índios presos, entre eles Igaraçu, a noiva de Aimberê.

Mais um período de trégua. Mas enquanto os franceses passaram a morar com os indígenas, desenvolvendo com eles a produção de tecido com teares e introduzindo a criação de bovinos, os portugueses aumentavam o seu poderio militar. Um ano depois eles destruíram as naus francesas e queimaram várias tribos. O conflito só terminou em 1567 quando Estácio de Sá recebeu apoio do seu tio Mem de Sá (governador geral do Brasil), que veio reforçar o exército do seu sobrinho. Em 20/01/1567 o grande guerreiro Aimberê foi assassinado colocando fim nesta batalha que os tamoios travaram por mais de dez anos contra os portugueses. Neste conflito, dezenas de etnias foram quase ou totalmente extintas, como o caso dos Aimorés, mas mesmo tendo suas populações dizimadas, este primeiros donos da terra que se chamaria Brasil, lutaram bravamente até a morte. Sua cultura sobrevive até hoje entre nós, presente na culinária, nas palavras, nomes de lugares, representações artísticas e lendas diversas. O nome guaratiba, por exemplo, significa na língua tupi, lugar onde se concentram muitos guarás (agwa’rá – ave pernalta + tyba -muitos).

Há fortes indícios históricos de que foi na Barra de Guaratiba que mais tarde os franceses desembarcaram em outra tentativa de invadir o Rio de Janeiro, já que não conseguiram pela Baía de Guanabara vencer os tiros vindos da fortaleza de Santa Cruz. Em 1710 o corsário Duclerc teria desembarcado com sua tropa ao fundo da Restinga da Marambaia e andaram a pé, por dentro da mata fechada, os 56 quilômetros que separam o local do centro da cidade. A tentativa foi novamente frustrada porque os invasores chegaram exaustos e não conseguiram atacar pelo cansaço. Estima-se que havia cerca de cinco milhões de indígenas no Brasil quando os portugueses chegaram, 300 anos depois eram apenas alguns milhares. Foram dizimados por doenças e guerras, por isso os portugueses passaram a importar escravos africanos. A Restinga da Marambaia, por exemplo, já era um local de grande concentração do tráfico negreiro no século XVIII.

O latifundiário José Joaquim de Souza Breves, grande comerciante de café, adquiriu a Ilha da Marambaia como porto de embarque e desembarque de escravos. A ilha funcionava como “Senzala de engorda”, um local onde os africanos capturados ficavam para um tempo de recuperação dos maus tratos sofridos nos porões dos navios negreiros, durante a viagem de cerca de dois meses da África até o Brasil. Assim que recuperavam a saúde novamente, eram levados até a Praça XV para serem leiloados e vendidos. Quando a escravidão foi abolida em 1888, o Sr. Breves deixou a ilha para os ex-escravos e seus descendentes que lá moravam, os chamados “quilombolas” ou remanescentes de quilombos, mas os conflitos pela posse da terra existem até hoje na região. Isto porque durante a ditadura civil-militar no Brasil, a Restinga da Marambaia foi tomada pelas três forças armadas; o exército ficou com a parte inicial, a aeronáutica com a parte do meio da restinga e a marinha ficou com a parte final, chamada de Ilha da Marambaia. Desde então os quilombolas da Marambaia são assediados para deixar o local, sofrendo represálias e diversos tipos de perseguições. Em 2014, depois de muita luta, estes remanescentes conseguiram na justiça manter-se na ilha, ganhando a titularidade da terra. Ainda assim, dependem da marinha para o transporte e são cerceados por ela no direito de ir e vir livremente.

____

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Freire, José R. Bessa. Aldeamentos indígenas do Rio de Janeiro , Rio de Janeiro, EdUERJ, 2009;

PIMENTEL, M. D. Mendes. Memórias e narrativas de pescadores da Pedra de Guaratiba: urbanização e espaço social (1973-2003) MMSD/CCH/UNIRIO, 2004, 145p – Dissertação: Mestrado em Memória Social e Documento;

https://pt.wikipidia.org/wiki/barra_de_guaratiba

guiadolitoral.uol.com.br/barra-de-guaratiba

Arqimar (Associação dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com